A escoliose é uma deformidade tridimensional com inclinação lateral da coluna, que pode, em alguns casos, necessitar de correção cirúrgica. O principal objetivo da cirurgia é deter a progressão da deformidade. Felizmente, com o conhecimento e os instrumentais cirúrgicos disponíveis atualmente, consegue-se mais que deter a piora da deformidade, obtendo-se geralmente correção satisfatória da deformidade e o reequilíbrio das curvas da coluna.
A técnica mais usada no momento para o tratamento da cirúrgico da escoliose é a instrumentação da coluna, utilizando um sistema de parafusos conectados a hastes modeláveis, que possibilita serem realizadas diversas manobras de correção e realinhamento da coluna tridimensionalmente. Estes parafusos são posicionados quase que inteiramente intraósseos, sem contato com o sistema nervoso São utilizados como fortes pontos de ancoragem nas vértebras, possibilitando a sua manipulação e realinhamento ao conectar-se ao sistema de hastes. A cirurgia, além da correção propiciada pela instrumentação, necessita também a realização de fusão óssea, ou artrodese. É fundamental que a fusão ocorra adequadamente, para que a correção obtida pela manobras de realinhamento das vértebras seja definitiva.
A grande proximidade dos parafusos com a medula e raízes nervosas, que traz risco de perfuração e compressão neurológica no momento de sua implantação, assim como as manobras de correção da deformidade, que podem levar a estiramento da medula, tornam a cirurgia de correção de escoliose uma cirurgia de risco para o sistema nervoso, com chance de paraplegia. Felizmente, nos dias atuais dispomos de um procedimento, chamado de monitorização neurofisiológica intra-operatória, que utiliza estímulos elétricos no crânio e nos nervosos periféricos continuamente durante toda a cirurgia, possibilitando monitorar a passagem destes estímulos pela medula, identificando precocemente qualquer alteração no seu funcionamento, que possa levar ao risco de paraplegia.