O termo artrodese se refere, genericamente, à fusão articular realizada através de procedimentos cirúrgicos. A fusão das articulações também pode ocorrer de forma natural, sem intervenção médica, e neste caso recebe o nome de anquilose. A anquilose pode ocorrer naturalmente em resposta à degeneração natural causada pelo envelhecimento, promovendo a estabilização de articulações desgastadas, deformadas e geralmente dolorosas. Em ambos os processos ocorre a perda definitiva dos movimentos da articulação.
Na maior parte das articulações, principalmente as grandes articulações com o quadril e o joelho, as artrodeses são procedimentos de exceção, muito raros, pois a perda de movimento destas regiões são desastrosas funcionalmente. Nestes casos, quando a artrose, que acomete estas articulações, é muito intensa e não responde a nenhum outro tipo de tratamento, são utilizadas próteses articulares para a manutenção do movimento, chamadas de artroplastias.
No caso da coluna vertebral, as artroplastias também podem ser realizadas, mas tem uso limitado, devido à complexidade dos movimentos intervertebrais e da anatomia vertebral. Desta forma, as articulações da coluna ou disco intervertebrais degenerados e dolorosos, resistentes ao tratamento conservador, podem ser tratadas com artrodeses. No caso da coluna vertebral, a perda de movimento de um ou mais segmentos, não traz tanta alteração funcional como a fusão de um joelho. Isto ocorre, pois a grande movimentação apresentada pela coluna vertebral é distribuída em 25 segmentos móveis, se contarmos a articulação com o crânio, e a fusão seletiva de alguns níveis, geralmente trazem pouco limitação à movimentação global da coluna.
As artrodeses da coluna podem ser utilizadas para tratar diversas patologias nas quais se exija estabilização entre as vértebras. Isto ocorre no caso de fraturas, ressecções de tumores, tratamento de deformidades da coluna e descompressões amplas da medula e raízes nervosas. Pode ser realizada através de várias técnicas, mas de uma forma geral, como em qualquer outra articulação do corpo, durante a cirurgia, as cartilagens das duas superfícies das articulações devem ser ressecadas para deixar exposto osso que existe abaixo delas, após este procedimento, segue-se a colocação de enxerto ósseo natural (osso retirado de outra região do corpo), ou sintético, para que se forme uma ponte óssea sólida entre as duas superfícies articulares. Para que essa ponte se forme e consolide adequadamente é necessária estabilização da região através de imobilização. Com a grande evolução das técnicas cirúrgicas, hoje estão disponíveis grande variedade de implantes, como parafusos e hastes, que mantém, de forma estável, o posicionamento ideal da articulação enquanto ocorre o processo de fusão. Esta imobilização adequada é fundamental, pois a movimentação na região da artrodese impede que o osso recém formado cruze o espaço articular e conecte as superfícies articulares envolvidas na fusão. Estes implantes tem serventia por um tempo limitado, geralmente são necessários somente enquanto ocorre a fusão articular, sendo dispensáveis após este período. Apesar disto, mesmo com consolidação da artrodeses documentada, os parafusos não são retirados de forma rotineira, pois não causam desconforto ao paciente e apresentam mínimas chances de rejeição, e em contrapartida, exigem procedimentos complexos sob anestesia geral para sua retirada.
Um grande inconveniente das artrodeses é dano muscular, causado pelo acesso cirúrgico a região que vai ser fundida ou onde serão implantados parafusos e hastes. Devido a este inconveniente, mais recentemente tem sido desenvolvidas técnicas cirúrgicas menos invasivas para sua realização das artrodese, com instrumentais que causam menor lesão aos tecidos. Estes equipamentos também proporcionam melhor preservação do suprimento sanguíneo e nervoso dos músculos da região, o que proporciona menor sangramento durante a cirurgia e recuperação mais rápida e menos dolorosa no pós operatório. Em linhas gerais, os procedimentos, utilizando essas melhorias técnicas, são chamadas de cirurgias minimamente invasivas.