Metástases da coluna

A metástase é a evolução insatisfatória das doenças oncológicas. Trata-se da disseminação da doença para outros órgãos e sistemas em sua fase avançada. Os principais locais do corpo onde acontecem as metástases são os pulmões, o fígado, o sistema nervoso  e os ossos. Trabalhos científicos demonstram que pacientes, que falecem devido ao câncer de mama, apresentam lesões nos ossos em até 85% dos casos. Entre essas lesões ósseas, o principal local de acometimento é a coluna vertebral, e são chamadas metástases vertebrais.

Os casos de metástases vertebrais podem causar dor, fraturas da coluna e lesões da medula e nervos causando paraplegia ou tetraplegia, exigindo muitas vezes intervenções cirúrgicas para o controle destes problemas e melhora da qualidade de vida.

O tratamento das lesões metastáticas da coluna é feito, quando possível, com quimioterapia e radioterapia, assim como no tratamento dos tumores que as originaram. Isto é possível quando as lesões são detectadas em seu estágio inicial, ainda sem comprometimento significativo da estrutura óssea ou compressão do sistema nervoso. A primeira medida de suporte, que pode ser adotada, é o uso de coletes e colares ortopédicos. Geralmente são de uso temporário, como durante o tratamento de pequenas fraturas ou como proteção de vértebras com potencial de fratura. Seu uso prolongado geralmente tem impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes, devido ao incômodo da restrição movimentos e desconforto do atrito na pele. Nestes casos, podem ser avaliados métodos mais complexos, que permitam maior conforto e funcionalidade.

Quando a lesão nos ossos da coluna ou a compressão do sistema nervoso é muito intensa, nem sempre o tratamento conservador é suficiente para devolver a qualidade de vida e preservar a função do paciente. Nestes casos, existe uma ampla variedade de métodos cirúrgicos disponíveis, e sua aplicação varia de caso a caso. O estado de saúde do paciente e a expectativa de vida é fundamental para a escolha do melhor método. A regra é sempre utilizar o procedimento menos invasivo e de reabilitação mais rápida, com o menor tempo possível de internação, mas que seja suficiente para dar sustentação suficiente para os ossos fragilizados e que obtenha quando necessário descompressão das estruturas neurais.

Entre os métodos menos invasivos estão os procedimentos que estabilizam as vértebras lesadas com a injeção de metilmetacrilato, um acrílico também conhecido como “cimento ortopédico”. Esta técnica recebe o nome de vertebroplastia. Uma variação desta técnica é a cifoplastia, que consiste em recuperar a altura da vértebra achatada pela fratura e criar uma pequena cavidade no osso com o auxílio de um balão em antes de injetar o acrílico. Geralmente são procedimentos realizados sob anestesia local e sedação, através de pequena perfuração da pele, sem necessidade de anestesia geral, com a necessidade de apenas um dia de internação.

A medida que a destruição óssea aumenta e a necessidade de dar mais suporte à coluna é maior ou nos casos em que a vertebroplastia não é suficiente ou contra-indicada, pode-se utilizar à fixação com parafusos. Nestes casos para encurtar a reabilitação e a necessidade de analgésicos após o procedimento, estes parafusos podem ser implantados através de métodos minimamente invasivos, através de pequenas incisões na pele e uso de guias especiais, para preservar a musculatura e reduzir o sangramento. Realizadas desta forma, esta cirurgia exige também apenas um dia de internação. Em casos mais graves, os métodos minimamente invasivos, também, podem não ser suficientes, em especial quando existem compressões neurológicas e paraplegia. Nesta situação, as cirurgias convencionais podem ser a melhor opção.

As opções de tratamento para as metástases na coluna, como vimos, são numerosas e a escolha da melhor forma de tratamento depende da avaliação de diversos fatores, bastante individuais. Cada paciente deve ter seu caso analisado em conjunto com toda equipe oncológica, e, principalmente com participação ativa do paciente e seus familiares, que devem ter o máximo de informações sobre os métodos disponíveis, com a relação de riscos e benefícios de cada um deles. Desta forma, pode-se trabalhar em conjunto para proporcionar um planejamento realista do tratamento, que deverá promover a recuperação mais rápida e eficiente possível, com o mínimo de impacto na continuidade do tratamento oncológico de forma global.